MULHER DE AMIGO É HOMEM? E A EX-MULHER?
Trata-se de ação “esclaratória” visando clarificar se mulher de amigo de fato é homem e qual a situação da ex-mulher. O autor pede para não ser identificado, pois é pretenso candidato a Filho da Puta 2003 e, pretendendo implementar sua campanha, almeja obter os esclarecimentos em questão.
É o relatório mais do que suficiente, passo a decidir
A primeira questão já foi matéria de discussão que contou com a participação deste Desembargador e de outros integrantes deste Tribunal em tempos que remetem à criação do Universo. Considerando meu entendimento de que esta Corte é suprema perante toda e qualquer decisão ou discussão travada as suas margens, este relator não tem o menor interesse em rememorar aquela discussão. Todavia, o posicionamento naquela época por mim manifestado permanece inabalável.
Não há que se falar que mulher de amigo seja homem. Inicialmente, porquê não posso admitir que um amigo homem (leia-se macho) sinta atração por outro homem, que no caso seria a mulher. Segundo, porquê, se a mulher dele fosse um homem, seria o primeiro a não gostar de futebol, de impedir outro homem de sair para beber com os amigos, de não gostar de falar besteiras ou de sacanagem. Principalmente, seria um homem que falaria de mulher apenas para criticar a roupa que uma usa, o sapato da outra, o novo corte de cabelo, dentro outros aspectos masculinamente irrelevantes. Portanto, preservando a imagem do amigo e, em especial, a do homem, rechaço a idéia de que mulher de amigo seja homem.
Mas é certo que a mulher de amigo também não pode mais ser considerada mulher. Assim, só resta afastá-la da caracterização dos seres racionais e, sob a ótica do amigo, compará-la às coisas. Como semovente, a mulher de amigo não poderia ser genericamente classificada. Em situações específicas, a mulher do amigo poder ser considerada uma jararaca, uma mosca, uma baleia, um ornitorrinco, etc. Mas isto não vem ao caso.
Assim, só nos resta assemelhar a mulher, enquanto vinculada a um amigo, a um ser inanimado. Todavia, ela não seria um ser inanimado qualquer, tendo duas utilidades específicas. Se a mulher do amigo simpatizar com a figura do amigo do seu namorado, ela funciona como uma tarrafa a ser lançada no mar de mulheres e pescar algumas em seu favor. Mas, caso ela seja do gênero que odeia as companhias que antes andavam com seu precioso namorado, ela funcionará como uma espingarda de sal, afugentando todas as mulheres presentes.
Neste sentido, cite-se a seguinte doutrina do pegador (pelo menos nas novelas do Manoel Carlos) José Mayer, em seu livro “De Dercy a Piovanni, comi todas da Rede Globo”:
“Mulher de amigo deve gostar de mim, sentir-se atraída por mim. Jamais deverei nela tocar, mas a atração e simpatia dela atiçará a curiosidade de outras mulheres quanto a minha pessoa. Enfim, ela funcionará como um mostrador, uma vitrine para as outras mulheres”
E, em seu segundo livro “Ela é da MTV, mas estou de olho na barriguinha da Fernanda Lima”, o autor completa seu raciocínio:
“E se a mulher do meu amigo não gostar de mim, darei maiores motivos para tanto. Mostrar-me-ei sacana, pervertido e irresponsável ao extremo. Isto fará com que ela conte estórias medonhas sobre minha pessoa para as amigas. Estas, sabendo que toda mulher aumenta ou inventa estórias, ficarão curiosas e poderão ser tentadas a conferir a verdade.”
Em poucas palavras, mulher de amigo que seja favorável ao companheiro do seu namorado seria como a propaganda da Nike, pois vende-lhe bem. Já a mulher de amigo desfavorável seria como a propaganda de empréstimos da BPN, só quem está em desespero para se interessar.
Quanto à indagação sobre a ex-mulher de amigo, esta não pode ser apreciada de forma genérica. Deve-se considerar os sentimentos que o amigo ainda possui pela mulher, bem como os sentimentos que o possível candidato a “traíra” porventura possua. Não há regra geral, seja permissiva, seja no sentido de que o terreno estaria demarcado em definitivo.
É como voto, Sr. Presidente.
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